A teoria construtivista de Piaget defende que o comportamento e o desenvolvimento da
inteligência resultam de uma construção progressiva do sujeito em interação com
o meio físico e social. Existem várias fases que todos temos de passar até podermos raciocinar da forma que hoje fazemos e que é, efetivamente, a única que conhecemos. Estas fases a que ele dá o nome de estágios são universais e sequenciais. Isto é, todos,
independentemente da sua cultura e quaisquer outras condições que possam variar
consoante o meio, irão passar por eles na mesma ordem.
- O conhecimento do bebé é baseado em movimentos e sensações. Progressivamente ele vai usando as suas funções motoras de forma cada vez mais coordenada até que consegue agir intencionalmente;
- Está limitado à experiência imediata, portanto aprende principalmente através dos sentidos (visão, audição, olfato, tato, paladar), tanto é que inicialmente, quando deixa de percecionar algo, é como se esse objeto deixasse de existir. Só mais tarde adquire a noção de permanência do objeto, ou seja, que independentemente de ele ver ou não os objetos, eles existem na mesma.
Estádio pré-operatório à Representação simbólica (2 - 6/7 anos)
- No início deste estágio existe o pensamento mágico, em que a realidade é transformada através da imaginação naquilo que está de acordo com o desejo infantil, sem preocupações lógicas;
- A criança ganha a capacidade de pensar num objeto a partir de outro, ou seja, construir uma imagem mental desse objeto, e pensar nele sem necessariamente ter de o percecionar;
- Introduz-se a linguagem, em que sons (palavras) substituem os objetos – simbologia.
- A criança tem dificuldades em ver o ponto de vista de outras pessoas, tornando-se deveras egocêntrica. Compreende a realidade em função apenas da sua experiência, desvalorizando a interpretação dos outros (princípio de prazer domina o princípio da realidade);
- A sua perceção imediata é encarada como verdade absoluta (enganada pela aparência).
Estádio das operações concretas à Organização do pensamento por meio da lógica (6/7 - 11/12 anos)
- Fase cognitiva em que já está desenvolvida a capacidade de pensar logicamente, de forma concreta mas não abstrata (não consegue desprender-se do real);
- Compreende a noção de reversibilidade (é possível modificar um objeto e posteriormente anular essa ação regressando ao estado inicial) e de conservação (há certas características, que apesar de sofrerem mudanças aparentes, não variam, mantêm-se constantes);
- Com a aquisição de conceitos a criança já consegue associar objetos de acordo com as suas semelhanças e diferenças, valorizando características necessárias à classificação e ignorando outras que não são necessárias para o caso.
- O jovem já consegue deduzir através de hipóteses ou ideias hipotéticas e não apenas a partir da realidade concreta (capacidade de abstração);
- Resolve problemas de forma metódica e sistemática;
- Com todas as competências adquiridas, constrói a sua personalidade moral e social, com capacidade crítica (pode ter dúvidas existenciais, questionar o certo e o errado, etc.);
- Pensa sobre o próprio pensamento e portanto pode continuar o processo de desenvolvimento da inteligência (construtivismo).
Piaget revolucionou a Psicologia educacional e a Pedagogia, dando contributos imensuráveis a estas áreas. Refutou a teoria tradicional de que a criança tem uma mente vazia e espera que esta seja preenchida por conhecimento, defendendo que ela é a construtora ativa do seu próprio saber, constantemente testando as suas ideias acerca do mundo. À medida que evolui, vai-se ajustando à realidade circundante, superando de forma cada vez mais eficaz as múltiplas situações com que se confronta. Podemos concluir então que as crianças não raciocinam melhor ou pior que os adultos, apenas de maneira diferente, pois encontram-se em fases distintas.
Cristina Campos, nº5, 12ºA
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