sexta-feira, 6 de março de 2015

Histeria

   
      O termo histeria tem origem na palavra grega “ὑστέρα” que significa útero. Na altura de Hipócrates, “histeria” tinha como causa o movimento irregular do sangue do útero para o cérebro. Este transtorno era considerado exclusivamente feminino. Porém, mais tarde, foi descoberto que os sintomas histéricos podem manifestar-se em homens e mulheres.
      Na Idade Média, a histeria passou a ser definida como possessão pelo demónio, manifestação de bruxaria e muitas mulheres foram queimadas vivas por causa disso.
     A psiquiatria do século XIX, por sua vez, acreditava que o aparecimento do transtorno devia-se a uma lesão orgânica, enquanto outros falavam em fingimento.
     Segundo a Psicanálise, a histeria é uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade emocional. Os conflitos interiores manifestam-se em sintomas físicos, como por exemplo, paralisia, cegueira, surdez, etc. Pessoas histéricas frequentemente perdem o autocontrolo devido a um pânico extremo. Foi intensamente estudada por Charcot e Freud.
    No final do século XIX, Jean Martin Charcot, um dos pais da neurologia, deu os primeiros passos na desmitificação da histeria. Charcot tinha como método a hipnose para estudar a histeria. Demonstrou que ideias mórbidas podiam produzir manifestações físicas. Seu aluno, o psicólogo francês Pierre Janet (1859-1947), considerou como prioritárias muito mais as causas psicológicas do que as físicas.
    Posteriormente, Sigmund Freud (1856-1939), em colaboração com Breuer, começou a pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional.
    Freud diz que a sexualidade é mais ampla que a actividade sexual em si, e compreende todo o processo cíclico de prazer e desprazer que envolve desejo e experiência humana. Na psicanálise entendemos a histeria como funcionamento psíquico caracterizado pela busca incansável e inconsciente do sujeito em ser o objecto de desejo do outro.
   Em” Estudos sobre Histeria” (1905), Freud e Breuer apresentaram três pontos fundamentais da Histeria: os sintomas histéricos faziam sentido; existia um trauma que causara a doença, que tinha ligação com impulsos libidinais que haviam sido reprimidos; a lembrança desse trauma e sua catarse era o caminho para a cura. A ideia de uma sexualidade problemática, onde o desejo entra em contradição com a incapacidade de realização.
   O ser humano era dividido num “eu” consciente, moral e num “eu” problemático, irracional, inconsciente que precisava de ser reprimido, contido e controlado.
   A histeria representava um grito de socorro das mulheres contra sua repressão sexual, pois a educação e o meio envolvente são factores determinantes para o desenvolvimento de traços neuróticos, acentuando-os devido a situações stressantes e conflituosas. Os sinais e sintomas psíquicos e físicos costumam ser provocados por lesões internas, conflitos que o indivíduo sofreu.
   Actualmente, alguns autores acreditam que a histeria se modifica conforme o contexto sócio-cultural vigente em cada época.   
           
                                                                                                                                 Liliana Lopes 

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