Na Idade Média, a histeria passou a ser definida como
possessão pelo demónio, manifestação de bruxaria e muitas mulheres foram queimadas
vivas por causa disso.
A psiquiatria do século XIX, por sua vez, acreditava que o
aparecimento do transtorno devia-se a uma lesão orgânica, enquanto outros
falavam em fingimento.
Segundo a Psicanálise, a histeria é uma neurose complexa
caracterizada pela instabilidade emocional. Os conflitos interiores
manifestam-se em sintomas físicos, como por exemplo, paralisia, cegueira,
surdez, etc. Pessoas histéricas frequentemente perdem o autocontrolo devido a
um pânico extremo. Foi intensamente estudada por Charcot e Freud.
No final do século XIX, Jean Martin Charcot, um dos pais da
neurologia, deu os primeiros passos na desmitificação da histeria. Charcot
tinha como método a hipnose para estudar a histeria. Demonstrou que ideias
mórbidas podiam produzir manifestações físicas. Seu aluno, o psicólogo francês
Pierre Janet (1859-1947), considerou como prioritárias muito mais as causas
psicológicas do que as físicas.
Posteriormente, Sigmund Freud (1856-1939), em colaboração
com Breuer, começou a pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou
em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas, de grande
intensidade emocional.
Freud diz que a sexualidade é mais ampla que a actividade
sexual em si, e compreende todo o processo cíclico de prazer e desprazer que
envolve desejo e experiência humana. Na psicanálise entendemos a histeria como
funcionamento psíquico caracterizado pela busca incansável e inconsciente do
sujeito em ser o objecto de desejo do outro.
Em” Estudos sobre Histeria” (1905), Freud e Breuer
apresentaram três pontos fundamentais da Histeria: os sintomas histéricos
faziam sentido; existia um trauma que causara a doença, que tinha ligação com
impulsos libidinais que haviam sido reprimidos; a lembrança desse trauma e sua
catarse era o caminho para a cura. A ideia de uma sexualidade problemática,
onde o desejo entra em contradição com a incapacidade de realização.
O ser humano era dividido num “eu” consciente, moral e num
“eu” problemático, irracional, inconsciente que precisava de ser reprimido,
contido e controlado.
A histeria representava um grito de socorro das mulheres contra
sua repressão sexual, pois a educação e o meio envolvente são factores
determinantes para o desenvolvimento de traços neuróticos, acentuando-os devido
a situações stressantes e conflituosas. Os sinais e sintomas psíquicos e físicos
costumam ser provocados por lesões internas, conflitos que o indivíduo sofreu.
Actualmente, alguns autores acreditam que a histeria se
modifica conforme o contexto sócio-cultural vigente em cada época.
Liliana Lopes
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